Resolvi começar a contar tudo do começo o que descobrimos no último dia 31: A Lilly é deficiênte auditiva.
Tudo se deu início ao parto, minha menina nasceu de 42 semanas e 2 dias, com 36 horas de trabalho de parto, sem sucesso, o que resultou numa cesárea. Uma outra hora eu conto todo o parto dela. Mas ela nasceu aparentemente bem, teve apgar 9 e 10, foi direto pro quarto comigo e tudo certo. Aos 7 dias de vida ela foi fazer a audiometria conhecida como teste de orelhinha.
No primeiro teste, a fono não conseguiu identificar ondas sonoras, pediu para repetir o exame em 15 dias. E assim foi. 15 dias depois ainda não conseguia detectar nada. E fomos repetindo o exame por 4 vezes até que da última vez, o teste deu normal. Então a fonoaudióloga disse que deveria haver secreção de parto no ouvido da pequena, motivo para não conseguir fazer o exame antes, mas naquele momento estaria tudo bem, e deu "alta" pra Lillian.
Tudo normal até ela ir pra creche. Com 1 ano e 9 meses a Lilly foi encaminhada novamente a fono pela creche porque as "tias" relatavam que ela não atendia a chamados, não participava em atividades com música e parecia desconcentrada. Eu ainda não notava nada que me chamasse a atenção além do fato dela não falar nada ainda.
Fomos a fono, ela fez aquele típico exame comportamental, onde senta-se a criança no colo da mãe e agita alguns objetos sonoros as costas da criança e analisa a reação. A Lillian respondeu a todos os sons. Depois fez-se outra audiometria, que também deu normal, e "alta" de novo.
Daí por diante nem sei te dizer em quantas consultas pediátricas eu perguntei sobre o fato dela não falar. A resposta era sempre a mesma: Espere o tempo da sua criança, mãe. Na última consulta, inclusive, tive de ouvir que eu era paranoica, querendo que a Lillian se desenvolvesse no meu tempo e não no dela. Isso ela tinha uns 2 anos e meio, mais ou menos, então desisti de ficar batendo na mesma tecla.
Até que entrei na prefeitura e tive direito a um "posto de saúde do sus", digamos assim, só para funcionários públicos municipais, então mudei de pediatra.
Lembro exatamente a conversa naquela consulta. Foi em abril desse ano mesmo. Fui pra passar o Xande, que tava com um tosse horrorosa, mas levei a Lillian junto e cheguei na médica com todo o cuidado do mundo e perguntei:
- Dr.ª, Por desencargo de consciência, minha menina tem 2 anos e 10 meses e não fala praticamente nada, tá na creche desde os 8 meses. Isso é normal?
E o que eu ouvi foi um redondo e sonoro NÃO que ecoou na minha alma! Como não era normal? E as milhões de vezes que perguntei isso pro outro pediatra e ouvi que era sim, normal?!
A Dr.ª Ana foi extremamente zelosa, mas não me poupou de nada. Tentou chamar a Lillian e se comunicar com ela, sem sucesso, disse que era possível sim que ela fosse deficiente auditiva, e, que se fosse, era tardio o tratamento. Chamou o outro pediatra de relapso e ficou abismada por ela ainda não ter sido encaminhada ao menos para um otorrino.
E eu? Eu fiquei revoltada, chocada, preocupada e tudo mais!
Daí por diante foi uma correria de exames. Mas isso merece um outro post, porque o assunto é tão longo quanto esse.
Espero que meus relatos, esse e os que virão, ajudem outras mães que, por ventura, venham passar pelo mesmo problema que eu e a Lilly estamos passando. A luta pelo diagnóstico. Porque problema não é a deficiencia, problema mesmo é ser tratado com descaso!
Beijos!